top of page

Bem-vindo a nossa aldeia!

  • discutindoeducacao
  • 19 de ago. de 2014
  • 5 min de leitura

A maternidade-paternidade nos traz uma série de questões as quais passamos a pesquisar e debater. Para alguns assuntos muitas vezes já temos opinião formada, outros nunca paramos para pensar e alguns mudamos totalmente de opinião com a chegada da cria. A educação é o tema que envolve a nova família desde o positivo no exame de sangue. Pensamos em adequar a casa, os hábitos, a rotina para que esse novo integrante possa viver e aprender dentro desse meio. Escolhas como o local onde vão dormir pode envolver grandes discussões sobre educação e hábitos saudáveis.


Logo os avós, tios, amigos, vizinhos, pediatras, estranhos na rua, entre outros vão dar suas opiniões e contar suas experiências com seus filhos. Na internet encontramos todo tipo de informação e vamos escolhendo as que se adequam melhor as nossas crenças e necessidades.


A escolha da escola é uma etapa que também envolve todo esse processo. E a busca por uma educação de qualidade, que permita que seu filho esteja apto a concorrer no mercado de trabalho às melhores vagas de emprego, faz com que muitos pais optem em transformar crianças em depósitos de informação.


O que você quer ser quando crescer? Já pararam para pensar o que tem por trás desta pergunta? Revela todo um conceito de sociedade que criamos ao longo de dois mil anos. Revela toda uma estrutura social construída ao longo de dois mil anos. Algumas palavras-chaves como: ocidental, cristão, patriarcal, fazem sentido quando percorremos o caminho desta pergunta: o que você quer ser quando você crescer? Uma questão que logo anunciada mata qualquer possibilidade de muitas possibilidades, você não pode ser muita coisa, logo é preciso escolher e definir. E muitas vezes esta pergunta nos é feita quando ainda somos apenas crianças, quando apenas estamos começando a entender o mundo.


Cada vez mais cedo as crianças estão sendo escolarizadas e pressionadas a construir um caminho de sucesso cujo objetivo está bem lá na frente: passar no vestibular. Desde cedo, para muitos, este caminho é traçado e desde então você começa a viver para o futuro. Não te sobrará muito tempo, além das horas e horas em salas de aulas, as árduas tarefas e atividades complementares, você não terá tempo para brincar, para o ócio criativo, para fantasiar, para fazer o que você mais gosta. Mas você terá um futuro recompensador: passará no vestibular, irá garantir sua vaga numa boa universidade, se formar, ter uma profissão.


Nesse modelo de mercado competitivo ao qual devemos ser preparados na mais tenra idade com aulas exaustivas de mandarim, esquecemo-nos de ouvir as reais necessidades das crianças. Nessa corrida não há espaço para a brincadeira livre, não há espaço para se sujar com terra, não há lugar para o lúdico. Assim produzimos pequenos adultos estressados, hiperativos, distraídos e desinteressados. Pequenos obesos, hipertensos e diabéticos. Crianças desconectadas, sexualizadas, adultizadas.


E o que fazemos no fim das contas é nos atrofiar: temos dores nos ombros, na coluna, nas pernas, vivemos gripados, cansados, deixamos de produzir e aprender muitas coisas, poderíamos saber sobre muitas coisas, ter muitas habilidades, só que nos ensinaram o contrário.


Vivemos numa sociedade que desde cedo nos aliena, mata nossas genialidades e nossas potências. Não existimos para o presente, para o aqui agora, construímos uma dinâmica cotidiana na qual nossas ações são praticadas e pensadas para o futuro, nunca para o presente. Vivemos para construir um futuro promissor, portanto devemos nos sacrificar. A recompensa é um lugar no céu. E o nosso têm sido terra.


No olho do furacão, onde nada parece mais ter solução, surge o movimento contracorrente. Na verdade ele sempre existiu, mas passou por momentos de descrença diante das falsas facilidades e vantagens do outro modelo. Esse movimento que ressurge no meio dessa guerra intelectual e mercadológica, ressuscita pedagogias que valorizam o indivíduo como um todo e resgatam o ser criança de forma integral. Diversas escolas livres abrem as portas para mostrar que é possível amar aprender. Diversas famílias optam por educar pessoalmente seus filhos, pois acreditam na potencialidade inata dessas crianças. O aprendizado natural ressurge, ganha força e expressão através dos meios de comunicação aberta. Visando a mudança de paradigma social e educar um indivíduo para ser, não para ter.


Acreditamos que para nós potencializarmos nossas potências precisamos de um ambiente potente, ou seja, um ambiente saudável onde a criança naturalmente pelo seu instinto animal irá correr, pular, trepar, cair, se molhar, se sujar. E isso faz com que a criança desenvolva seu corpo, sua motricidade e sua intelectualidade. Cremos que nesta fase – os primeiros setes anos da criança– o ser é total instinto, total desenvolvimento do corpo e é muito importante que a criança viva num ambiente que lhe permita explorar sua motricidade. Portanto, o dito ambiente deve contar com instrumentos e ferramentas para esta praticar e desenvolver seus interesses, pois não há dúvida, todos nós quando movidos por nossos interesses e paixões somos mais felizes, mais saudáveis e mais geniais.


Não deixemos de ver-refletir também o outro lado da moeda, na questão prática do dia-a-dia. Uma educação desescolarizada além de requerer o tal ambiente potente requer também pais e mães potentes, pais e mães dispostos a aprender, a se interessar pelos desejos e paixões de seus filhos. Para isso, pais e mães precisam trabalhar menos (oito horas por dia de trampo, mais quatros horas de trânsito, sem contar os que ainda precisam levar trabalho pra casa, esgota qualquer ser humano), ganhar menos, almejar outra vida, encarar mesmo uma revolução. E não é fácil para nós que somos escolarizados até o talo, ocidentalizados de corpo e cristãos de alma. Mais de dois mil anos pesam nos nossos ombros. Tememos o futuro incerto. E sonho é sinônimo de utopia.


Pois, tratemos diariamente de exercer a desescolarização, a descolonização, a descristianização. Porque junto com tudo isso vem o patriarcalismo, o machismo, o sexismo, o imperialismo e muitos outros ismos e istas. Pois, tratemos de transformar sonho em sinônimo de realidade. De viver o aqui agora.


Pensando nestas questões em muitas conversas pela madrugada, que nós: Maíra Castanheiro e Débora Daltro, decidimos construir esta aldeia. E foi em algumas destas madrugadas que convidamos Maíra Carbonieri para juntas construirmos esta aldeia. Nossas pequenas sagitarianas nos inspiram a cada dia, nos despertando e nos trazendo para o presente.


Este blog nasce da necessidade constante do debate, da reflexão, das trocas de idéias, conhecimentos, de compartilhar experiências. Aqui será o espaço de discutir educação, fazer educação, buscar educação e mostrar os exemplos que temos espalhados por aqui e por ai em tantos lugares, pequenos e grandes, mas sempre muito inspiradores. Venha discutir educação com a gente, venha fazer, criar e recriar!


As autoras: Débora Daltro & Maíra Castanheiro. Designer: Maíra Carbonieri

 
 
 

Comments


Recent Posts

© 2023 by Glorify. Proudly created with Wix.com

bottom of page